Ansiedade infantil e alimentação: qual é a relação?

A ansiedade infantil é uma velha conhecida de muitas famílias. Infelizmente, com a situação de pandemia da Covid-19, ainda mais lares estão sofrendo com crianças ansiosas e, aqueles que já conheciam essa condição, parecem ter aprofundado. Afinal, as crianças estão sem aulas. Com o convívio social muito cerceado. As aulas on-line também contribuíram para toda essa ansiedade. E, nesse meio tempo, o sono e a alimentação, que ditam o ciclo circadiano de todos nós, também acabou bagunçado. Isso tudo trouxe consequências para a população em geral. No entanto, principalmente para as crianças que estão em fase de crescimento. Quero traçar um paralelo importante entre ansiedade infantil e alimentação. A relação entre alimentação e ansiedade Muitas crianças já passavam por problemas com hiperatividade, depressão e ansiedade mesmo antes do cenário de pandemia que pode ter intensificado esses quadros. Com a rotina diferente, sem brincar com os amigos e em meio às dificuldades que uma família pode passar em meio a uma pandemia, a criança tende a ficar mais ansiosa, mesmo que não tenha nenhum diagnóstico. Afinal, em plena fase de crescimento e repletos de energia, muitos pequenos descontam essa frustração em hábitos como ficar acordados até tarde ou comer muitos alimentos que não são adequados. Quando açúcares e carboidratos são consumidos em excesso pelas crianças, elas tem picos de insulina que dão muita energia em um primeiro momento, porém, logo cai, transformando-se em irritação, mau humor e ansiedade. Diante dessas sensações, a criança busca mais açúcar para lidar com a ansiedade, entrando em um ciclo vicioso sem fim. Além de todos os malefícios à sua saúde que o açúcar traz, piora a ansiedade e impede que ela desfrute de todos os benefícios que a comida de verdade oferece à sua saúde. O diálogo como primeiro passo para mudar Sabemos que as emoções refletem diretamente no estilo de vida. Assim, é muito importante que a família converse sobre esse estilo de vida. No contexto da quarentena, uma reflexão sobre como estão os hábitos e a alimentação é essencial. Muitos lares já tinham uma rotina com alimentos mais saudáveis, porém, perderam ao longo das semanas e meses de pandemia. Outros, ainda não tinham incorporado os hábitos saudáveis e talvez a alimentação tenha piorado. Independente da questão, nunca é tarde para melhorar o estilo de vida e a alimentação. Portanto, é essencial que a família converse abertamente sobre o assunto. Se existe alguém em casa diagnosticado com depressão, se alguém perdeu o emprego, ou qualquer outra situação que esteja acontecendo. Ao mesmo tempo que dá oportunidade para a criança entender sobre o que ocorre em casa, ela pode expressar seus sentimentos e dar o seu ponto de vista para que a família também compreenda melhor. Metas de alimentação saudável Se a tendência é ficar mais em casa, é importante cuidar para que a comida feita todos os dias seja a mais natural possível. Evite ter na geladeira e na dispensa muitas guloseimas, pois acabam atraindo os paladares infantis – e adultos, também, que devem dar o exemplo. Com mais tempo em casa, esse é o momento para a família reunir-se em torno do preparo das refeições. A criança pode se envolver no preparo dos alimentos, conforme já expliquei neste artigo sobre crianças na cozinha. Ela pode, também, ajudar a arrumar a mesa onde serão servidas as refeições saudáveis. Criar um clima favorável pode ressignificar o momento de se alimentar. No geral, caso exista uma dificuldade, a família pode estabelecer metas para a alimentação saudável. Seja uma faxina na dispensa, teste de uma nova receita ou permitir os doces somente aos finais de semana. Em casos em que a família não consegue administrar a ansiedade infantil, lembre-se que o auxílio de um psicólogo sempre pode ser bem-vindo. O tratamento psicoterápico aliado ao estilo de vida saudável pode produzir efeitos muito positivos para as crianças. Em meu curso on-line Lancheira Saudável, ensino receitas práticas e ideais para o dia a dia de quem deseja se alimentar de maneira saudável e gostosa. Conheça agora: Curso Lancheira Saudável. Espero ter esclarecido a relação entre ansiedade infantil e alimentação em tempos de pandemia. Para saber mais, assista ao vídeo abaixo e aproveite para se inscrever em meu canal do YouTube: Com amor, Andreia Friques

Qual é o papel do pai na saúde do bebê?

Pouco ouvimos falar sobre o papel do pai na saúde do bebê. Como a mãe é a responsável por alimentar o bebê enquanto gera e nos primeiros meses de vida enquanto amamenta, é muito mais comum falar sobre os reflexos dos seus hábitos na formação e no desenvolvimento do filho. A verdade é que o papel do pai é tão importante quanto. Seus hábitos também refletem na saúde do bebê. Saiba o porquê. O preparo do homem para a gestação Apesar do homem não gestar, é dele que vem 50% do material genético. Assim, a contagem do esperma e a qualidade são influenciados pelo seu estilo de vida. Se esse homem ingere bebidas alcoólicas com frequência, é fumante, acumulou metais pesados no organismo, sua alimentação foi ou não de qualidade, isso tudo é repassado ao bebê. Em especial durante os 3 meses antes do casal engravidar, é que o esperma para a fecundação é formado. Assim, é importante ter todo o cuidado para transmitir toda saúde possível. Foi-se o tempo em que acreditava-se que simplesmente a genética era fator único para a formação de um novo ser humano. Hoje, com os conhecimentos em epigenética, podemos acompanhar as mudanças no DNA das células ocasionados pelos fatores ambientais. Em razão das agressões ao meio ambiente, hoje, a natureza nos devolve isso tudo com o acúmulo de tóxicos em nosso organismo. Portanto, é preciso consciência disso, equilíbrio ao ter contato com esses itens e menos agressões à natureza. O fator psicológico Quando o bebê nasce, a presença do pai é fundamental para que o bebê sinta-se amado e protegido. Desde a gestação, ele já pode reconhecer a voz e a presença paterna. Quando o pai está junto em todos os momentos, a mãe também sente-se mais segura, proporcionando um ambiente melhor para esse bebê. Além disso, aumentam as chances de sucesso com a amamentação quando o pai é consciente e apoia.

Suplementação na gestação: quais são os nutrientes mais importantes?

As dúvidas sobre suplementação na gestação são muito comuns tanto no consultório materno-infantil quanto nas minhas redes sociais. Suplementar pode ser necessário em diferentes fases da vida, em especial no preparo para engravidar, ao longo da gestação e também na infância. Essas são fases em que um maior aporte de nutrientes é preciso para o bom desenvolvimento do organismo. No artigo de hoje, vou explicar por que é tão importante garantir todos os nutrientes nessas fases da vida. Alimentação X Suplementação Como nutricionista, defendo sempre o consumo da comida de verdade. Não apenas porque é rica em nutrientes, mas também, para evitar todos os malefícios que a comida processada e ultra processada causam à saúde. No entanto, sabemos que em muitas lugares os alimentos já estão pobres em valor nutricional devido às alterações do solo e outros fatores. Muitos estudos demonstram como o mesmo alimento, se comparado com décadas atrás, conta com muito menos nutrientes devido às novas técnicas de agricultura e mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, sabemos quão importante é garantir altas doses de nutrientes ao longo da gestação. Portanto, é um período em que tanto alimentação quanto suplementação exercem importante papel. Quais os suplementos essenciais para a gestação? A gestante deve ser avaliada em sua totalidade para ter a suplementação indicada de maneira assertiva, principalmente após análise de exames laboratoriais. Quando o nutricionista materno-infantil já conhece o perfil dessa mulher desde que era tentante – e preferencialmente do seu parceiro -, fica mais fácil prescrever as doses adequadas dos suplementos para o longo da gestação. Considero 4 suplementos que toda tentante precisa para o preparo pré-gestacional: Ácido fólico metilfolato; Vitamina B12; Vitamina D; Ômega 3 (DHA) Vitamina D No geral, a suplementação da vitamina D pode ser indicada desde o início da gestação. Algumas gestantes atingem os níveis ideais muito rapidamente. Outras, precisam de mais atenção. Ferritina Suplementar ferritina também é indicado desde o preparo para a gravidez. Sua frequência ao longo da gestação depende do preparo do organismo. Caso os níveis estejam estáveis, pode ser necessária apenas nos últimos meses. É preciso o acompanhamento para garantir que a mulher não fique com nenhuma carência de ferro para não prejudicar o desenvolvimento do bebê. Ácido fólico metilfolato O metilfolato, essencial principalmente nos primeiros meses para estimular o fechamento do tubo neural, também pode ser suplementado pelo período todo da gravidez. Ômega 3 A formação do bebê também é beneficiada pelas doses do ômega 3. Suas funções estão relacionadas ao desenvolvimento cerebral do bebê e reduz os riscos da gestante sofrer com a depressão ao longo da espera do filho. Polivitamínicos São muito bem-vindos ao longo da gestação e podem entrar em cena desde o início. De preferência, podem conter nutrientes como selênio, iodo, colina, complexo B, entre outros conforme a necessidade da mulher. Se você é profissional da saúde, é importante avaliar o paciente como um todo e, assim prescrever os nutrientes mais adequados em suas quantidades e fases da gestação. Se você é tentante ou gestante, converse com o seu médico e com o seu nutricionista materno-infantil. Eles podem indicar os nutrientes mais adequados para o seu caso. Espero ter esclarecido as dúvidas sobre suplementação na gestação. Para saber mais, assista ao vídeo abaixo e inscreva-se em meu canal do YouTube. Assista a minha aula sobre alimentação da mãe e cólica do bebê Se você é gestante ou tem um bebê pequeno, provavelmente já se perguntou sobre a relação entre a alimentação da mãe e as cólicas do bebê. Além de ser um assunto cercado por muitos mitos, é também uma das perguntas campeãs de perguntas no meu consultório. Foi por isso que preparei uma aula exclusiva sobre cólica do bebê e alimentação da mãe. Para assistir, basta clicar abaixo: IR PARA A AULA CÓLICA DO BEBÊ: A CULPA É DA DIETA DA MÃE? Espero por você em minha aula! Com amor, Andreia Friques

Alimentação e aprendizado: a importância de seguir uma rotina nos estudos em casa

Aprendizado e alimentação estão intimamente relacionados. Em um período onde a maior parte das crianças não está frequentando a escola devido ao período de pandemia, essa importante questão precisa continuar em evidência. As medidas de prevenção ao coronavírus não diminuem a relevância da alimentação saudável na vida das crianças, inclusive em relação ao aprendizado. A rotina ficou diferente e, agora, muitos papais e mamães precisam administrar não apenas os seus trabalhos no home office, mas também as aulas remotas dos filhos. Em meio a isso tudo, os lanches que eram enviados às aulas, agora, são feitos em casa. No artigo de hoje, quero trazer esse assunto que considero tão importante mesmo em tempos de pandemia. O ensino em casa Os tempos de pandemia são sentidos de formas diferentes, afinal, é claro que cada família tem a sua realidade. Esse cenário exigiu uma adaptação rápida às famílias, inclusive, das próprias crianças. Ao deixarem de ir à escola, perderam o convívio com seus colegas e professores, o que causa impactos no dia a dia de estudos. Aqui, a alimentação saudável torna-se ainda mais importante para que mantenha a concentração em sua rotina de aprendizado. Não apenas para absorver os conteúdos da aula, como também para o seu pleno desenvolvimento. Ao longo da infância, a cascata hormonal tem enorme influência para o desenvolvimento de toda a vida. Um exemplo é o hormônio GH, responsável pelo pleno desenvolvimento físico e mental. É muito importante que a rotina das crianças seja seguida assim como quando ocorre a rotina escolar. Horários definidos para estudar, brincar, dormir e se alimentar ajudam até mesmo na dinâmica da família durante esse período excepcional. Caso contrário, o desenvolvimento pode ser muito prejudicado e todos continuam sofrendo ainda mais com a sensação de desequilíbrio traz. Como manter o equilíbrio? Os pais devem conversar com seus filhos durante essa fase, em especial, com aqueles que já estão mais crescidos e frequentam o ensino fundamental. Explicar sobre o quão valioso é estar vivo, em casa e protegido. Assim como os estudos, a alimentação continua essencial para o seu crescimento enquanto pessoa e por isso merece toda a atenção. Se, por um lado, em casa fica mais fácil ter a certeza que a criança está se alimentando bem, por outro, perde-se a alegria de comer entre amigos. É muito comum receber em meu consultório crianças que contam com alimentação saudável no ambiente escolar, porém, que não tem o mesmo hábito em casa. Isso porque, quando a escola incentiva a alimentação saudável e até proíbe os industrializados, a tendência é que os colegas sejam influenciados uns pelos outros a comer a comida de verdade. Se não é a sua realidade, aproveite para conversar com o seu filho sobre a alimentação na pós-pandemia, quando as escolas voltarem a funcionar. Mostrar o quanto é importante comer a comida de verdade no lanche e, assim, o seu filho influenciar outras crianças sobre o quão gostoso é comer saudável. Quando estamos conscientes e nossos filhos também, fica mais fácil cobrar que a escola tenha um maior controle sobre a alimentação dos seus alunos. Seja com programas de conscientização, proibindo industrializados no intervalo e na cantina, ou até criando uma horta que os próprios alunos auxiliam em sua manutenção. Espero ter esclarecido sobre a relação entre alimentação e aprendizado mesmo durante a quarentena. Para saber mais sobre o assunto, te convido a assistir ao vídeo abaixo e se inscrever em meu canal do YouTube.

A interpretação de exames laboratoriais como um diferencial para a prática clínica

Nutricionistas e pediatras que atendem crianças, bebês, gestantes e tentantes sabem o quanto é importante conhecer muito bem os seus pacientes. Levantar o histórico clínico, os sintomas e todas as informações úteis relacionadas ao paciente é muito importante. E, para contribuir com esse conhecimento, os exames laboratoriais trazem ainda mais informações. Os exames nem sempre são bem compreendidos pelos profissionais. Sei bem da confusão que existe em relação aos valores de referência. Será que estar dentro desses valores pode excluir algum problema sério? É muito importante ir além desses valores de referência na hora de prescrever um tratamento. Siga até o final deste artigo onde vou explicar a importância da interpretação de exames laboratoriais. O que os exames laboratoriais podem revelar? Existem duas situações em que os pacientes nos procuram: quando os sintomas já estão ali ou quando, por contarem com alguma condição genética na família, desejam prevenir. A primeira situação é a mais delicada, afinal, os sintomas já se manifestaram. Assim, é importante solicitar exames laboratoriais para cruzar com as informações obtidas pelos relatos do paciente. A segunda situação é bem mais tranquila. Mesmo sem nenhum sinal de anormalidade da saúde relatado, o profissional de saúde consegue antecipar possíveis alterações em níveis muito antecipados. Assim, é possível evitar que várias condições de saúde iniciem ou mesmo se agravem. O exame laboratorial aparece como um elemento pré-clínico, antes que a condição médica seja instaurada. Os exames podem denunciar possíveis vetores de algumas determinadas doenças podem ser identificados. Caso seja necessária alguma intervenção, ela é facilitada. É possível fazer o manejo mais fácil do processo dietético e realizar as correlações necessárias. Ter o exame na mão de um jeito precoce é importante para ver o que ele está anunciando antes da doença se instalar. Isso é essencial para a saúde integrativa. As informações do exame laboratorial são determinantes para prescrever tratamentos e dietas mais assertivos, bem como para fazer os diagnósticos. Leia também: Conheça as oportunidades da nutrição materno-infantil Um exame laboratorial não é uma sentença Mais que números, DNA e RNA, nossos pacientes são feitos de histórias. Em especial nos primeiros mil dias de vida de uma criança, ao contextualizar esses valores com o seu histórico, pode aumentar as chances de promover saúde em sua vida. Quando entendemos a história genética dos familiares, sabendo das pré-disposições, não significa que vai manifestar aquela doença., Existem genes que promovem e genes que silenciam tais condições. Assim, podemos direcionar quais fatores do estilo de vida podem comunicar com os genes que silenciam, evitando tais condições. Ao fazer prevenção de doenças e promoção de saúde nos primeiros mil dias, melhoramos toda uma vida e também o futuro das próximas gerações. É preciso observar desde a saúde da mãe. Será que, antes da gestação, teve ovários policísticos? Passou por hipertensão gestacional? Recebeu suplementação? Quais outras mudanças metabólicas devem ser observadas? Para saber mais sobre interpretação de exames laboratoriais Eu e meu colega, Dr. Alexandre Aguiar, fizemos uma aula especial sobre Como Interpretar Exames Laboratoriais de Crianças, Gestantes, Bebês e Tentantes. Essa aula é 100% gratuita. Para se inscrever, basta clicar a seguir: QUERO IR PARA A AULA DE INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS Espero que, com este artigo, eu tenha esclarecido as principais dúvidas sobre a interpretação de exames laboratoriais. Com amor, Andreia Friques

Os impactos do bisfenol-A na fertilidade, gestação e amamentação

Não é novidade que estamos cercados por plástico no nosso dia a dia. A praticidade desse material faz que esteja presente em diferentes momentos e ocasiões. No entanto, isso gera uma conta que será paga por nós e pelas próximas gerações: o acúmulo de bisfenol-A, ou BPA, no organismo humano, pode levar a diversos problemas de saúde. O bisfenol-A está presente em muitos tipos de plástico e é um disruptor endócrino capaz de alterar a distribuição hormonal do ser humano, fazendo muito mal à saúde. Falei muito sobre o assunto neste artigo, caso queira se introduzir nesse assunto. Esses impactos podem causar influências negativas na fertilidade, gestação e amamentação. BPA, fertilidade e gestação Mesmo quando planejam a gestação, muitos casais nem imaginam os impactos que a exposição ao bisfenol-A pode causar ao próprio organismo e também ao bebê, futuramente. O BPA exerce efeitos epigenéticos na reprodução, especialmente em uma janela de cerca de 90 dias antes da concepção. Nas mulheres, o BPA afeta os ovários e o desenvolvimento do embrião. Assim, a exposição ao BPA no período pré-gestacional pode tanto diminuir a fertilidade feminina e as chances de gerar um bebê. No homem, o BPA impacta diretamente as funções endócrinas responsáveis pela reprodução humana. O eixo hipotálamo-hipófise-testículo é alterado, ocasionando em deficiência da síntese de alguns hormônios. Também induz ao estresse oxidativo, gerando uma reação em cadeia dos radicais livres na região dos testículos, o que sugere que pode ser revertido pelo uso de antioxidantes. No entanto, essas influências causam impacto desde a contagem de espermatozoides até a sua chance de sobrevivência quando são expelidos para fecundação. Na gestação, o BPA continua exercendo seus efeitos. Afinal, por se tratar de uma partícula muito pequena, ultrapassa facilmente o líquido amniótico da placenta. Um estudo conduzido na Universidade de Michigan, nos EUA, concluiu que a presença do bisfenol-A causa estresse oxidativo em mãe e filho durante a gestação. Esse processo prejudica a oxigenação das células, aumentando a resistência insulínica e inflamação. Isso impacta no risco de desenvolver diabetes e outras doenças metabólicas. BPA: até no leite materno E como o BPA passa para o leite materno? Trata-se de uma molécula tão minúscula que os receptores das células confundem com nutrientes e hormônios. Assim, acabam penetrando e se acumulando pelo organismo. Quando o corpo feminino se prepara para amamentar, mobiliza as suas reservas de gordura e permite que os contaminantes sejam absorvidos pela gordura das glândulas mamárias e repassados ao leite materno. A literatura científica aponta que o nível de contaminação do leite materno está relacionado também ao estilo de vida da mulher. Por exemplo, quanto maior o seu Índice de Massa Corporal – IMC, maior a tendência em concentrar esses químicos. Outros fatores endógenos, como idade, estado fisiológico geral, hábitos alimentares, doenças autoimunes, relação com álcool e tabagismo também influenciam nessa conta. Leia também: Como escolher utensílios para introdução alimentar livres de BPA? A importância do acompanhamento pré-gestacional Reduzir a quantidade de BPA à qual o bebê será exposto ao longo da gestação e da amamentação passa pelo acompanhamento médico e nutricional antes da gestação, durante e após. Por isso, mesmo aquelas mamães que já estão amamentando podem abraçar essa causa em prol de um futuro mais promissor a essa geração. Quando menos poluição, melhor a qualidade do leite materno de todas. Quero aproveitar para frisar que a presença do BPA não anula os benefícios do aleitamento materno exclusivo. Essa possível contaminação não tem objetivo de contra-indicar o leite materno, mas sim, alertar para a importância da sustentabilidade e de controlar o uso de plásticos. Se nós prejudicamos o planeta, ele também pode nos adoecer. Atualmente, nem todos os plásticos trazem o bisfenol-A. Para reduzir esse contato, é importante observar se a embalagem ou o item adquirido traz o selo “livre de BPA”. Procure evitar aqueles com o número 3 ou 7 no triângulo de reciclagem.  Falo com detalhes sobre os efeitos do plástico na saúde humana em meu livro: Epidemia do Plástico – Bisfenol BPA: Você precisa saber!Para conhecer, basta clicar aqui. Espero ter esclarecido sobre a influência do bisfenol-A na saúde do bebê. Com amor, Andreia Friques.

Semana do Aleitamento Materno 2020: apoiar a amamentação para um planeta mais saudável

A Semana do Aleitamento Materno 2020 traz um tema que merece estar em evidência: “Apoie o aleitamento por um planeta saudável” foi o assunto escolhido pela Aliança Mundial para Ação do Aleitamento Materno. Sei que você deve estar se perguntando sobre a relação entre o aleitamento materno e a sustentabilidade. Em tempos que consumimos tanto os recursos do planeta, precisamos refletir ainda mais sobre os impactos do nosso estilo de vida nas transformações que vemos. Nós, humanos, estamos transformando o planeta. Mas, também, a nós mesmos. Uma transformação que inicia ainda antes da gravidez, mas tem papel fundamental ao longo da gestação e da amamentação. Amamentação e sustentabilidade O leite materno é o alimento mais completo para o ser humano. Tanto que a Organização Mundial da Saúde – OMS recomenda a amamentação até os 2 anos de idade ou mais, e de forma exclusiva até os 6 meses de vida. Entre os 6 meses de vida até 1 ano de idade, o leite materno segue como o principal alimento, pois a criança ainda está conhecendo os alimentos sólidos. Passada essa fase, com a criança pronta para se alimentar com a comida da família, o leite materno pode continuar como complemento até, pelo menos, os 2 anos de idade. Os benefícios vão muito além da saúde do bebê que, comprovadamente, aumenta a sua imunidade e reduz as chances de adoecer. Quando a mulher decide pela amamentação e recebe o apoio necessário, também deixa de gerar uma cadeia de lixo ao meio ambiente. Desde as embalagens enlatadas ou empacotadas das fórmulas, pensando também nos impactos da produção e do transporte desse alimento. Diferente dos leites em pó, o leite materno é produzido de forma renovável. A produção de leite materno é sempre adequada à necessidade da criança. É oferecido sem desperdícios, sem poluição, evita resíduos e está sempre disponível na temperatura e forma ideal para nutrir o bebê. Como facilitar a amamentação? A Semana da Amamentação visa facilitar a amamentação, o que não é papel único e exclusivo das mães, mas sim de toda a sociedade. Desde tornar as informações acessíveis até incentivar que a amamentação seja viável em quaisquer locais e situações.  É por isso que, desde 1992, a Semana Mundial do Aleitamento Materno é realizada em mais de 120 países. As datas em agosto foram definidas pela OMS e pelo Unicef com base na Declaração de Innocenti, assinada em agosto de 1990, com objetivos de reduzir a mortalidade infantil sempre ligados à amamentação. Entre os objetivos previstos, foi criada uma lista de 10 passos para o sucesso da amamentação, que reúne itens orientando normas sobre aleitamento materno, treinamentos, informações sobre vantagens da amamentação e incentivar que seja o único alimento ao recém-nascido, entre outros. O momento de amamentar é, também, um ato de amor da mãe alimentando o seu filho. Acredito que este seja um importante passo para garantir a saúde das próximas gerações! Desejo muitas trocas de experiências e informações positivas para todas durante a Semana do Aleitamento Materno 2020. Com amor. Andreia Friques.

O que comer para diminuir o enjoo na gestação?

O enjoo na gestação é um velho conhecido de muitas gestantes. Trata-se de um dos primeiros sintomas da gravidez, o que mais aumenta as suspeitas da mulher quando ainda não existe certeza sobre estar ou não grávida. O aumento repentino dos níveis de beta HCG no organismo são os principais responsáveis pelos enjoos, principalmente no período da manhã. Geralmente, esses enjoos acontecem até a 12ª semana de gravidez. Apesar de normal, esse desconforto gera um incômodo grande para a gestante. É muito comum receber perguntas das pacientes que fazem o acompanhamento nutricional sobre o que comer para diminuir o enjoo na gestação. A boa notícia é que, sim, existem estratégias de alimentação e suplementação que aliviam o mal estar. Siga até o final do artigo para saber mais. Apostando nos alimentos sólidos Antes de prescrever qualquer medicamento, é interessante entender as causas. Além de ser um sintoma natural, também existem gestantes que atravessam uma gestação inteira sofrendo com os enjoos. O período da gravidez, além de tudo, é marcado por uma grande ansiedade. Não importa se é a primeira, segunda ou quinta gestação: nenhuma é como a outra. As condições também não costumam ser as mesmas. Em um momento de pandemia, como este que passamos, o fator emocional também costuma pesar. É muito importante que a gestante aceite o seu filho e as mudanças que ocorrem no organismo. Se a primeira onda de enjoo é quando levanta da cama, um excelente truque é manter um alimento sólido ao lado da cama e se alimentar antes de levantar. A hipotensão postural, que é a mudança repentina de postura, pode favorecer o enjoo. É importante verificar quais alimentos a gestante tolera melhor. No geral, é mais comum que passem mal com os alimentos mais líquidos. Portanto, uma estratégia interessante é que a grávida demore um pouco a se levantar. E, antes disso, consuma um biscoito salgado ou uma torrada, por exemplo. Após comer, é recomendável ficar sentada na cama por alguns instantes. Só depois se levanta. Suplementação como aliada Para aliviar os enjoos, a mulher também pode ser suplementada. Quando uma gestante reclama muito dos enjoos, recomendo suplementar um pouco de gengibre com a vitamina B6, sempre em uma dosagem 100% personalizada à sua necessidade. Normalmente, receito para uso em dois momentos do dia., a fim de diminuir o mal estar. É muito importante que a gestante conheça bem o seu corpo e em quais momentos mais passa mal. Nesses períodos, se ficar de estômago vazio, pode ser pior. Portanto, recomendo que faça uma refeição mesmo que “beliscada” a cada uma hora e meia, de preferência com os sólidos. Chás são indicados? Temos a ilusão de que tudo que é natural faz bem, mas quando tratamos de gestação não é bem assim. Isso porque a composição dos chás pode variar de diversos fatores: desde o solo em que a erva foi plantada, as condições em que germinou e cresceu até o seu manuseio e embalagem. Os chás vendidos em saquinhos nos supermercados definitivamente não são indicados. Em minhas pesquisas, identifiquei o quanto esses chás são contaminados por metais pesados. Por isso, no máximo, a gestante poderia confiar no chá de gengibre. É importante observar também se a mulher não está sofrendo com a hiperêmese gravídica, doença que aflige muitas grávidas e que a Dra. Erica Mantelli bem explicou neste artigo. Espero que o meu artigo te ajude a passar pela gestação com menos enjoos e mais tranquilidade. Até a próxima!

Alergia alimentar e nutrição materno-infantil: entenda a relação

Você já se perguntou o que a alergia alimentar tem a ver com a nutrição materno-infantil? Se toda a programação metabólica do ser humano é definido pela saúde de sua mãe e até a gestação, o desenvolvimento de alergias pode ter relação com essa fase. A alergia alimentar, seja ela qual for, se manifesta por diferentes fatores, os quais vamos conhecer no artigo de hoje. A origem da alergia Você tem a sensação de que os casos de alergias alimentares estão mais numerosos? Não é só impressão. De acordo com os dados da Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP, a prevalência das alergias alimentares aumentou em todo o mundo nas últimas décadas. Atinge cerca de 6% dos menores de três anos e 3,5% dos adultos. Embora a fisiologia humana não tenha mudado tanto, os estímulos mudaram bastante. Dizer que as causas da alergia são genéticas é simplificar demais o funcionamento do sistema imunológico, cuja regulação está relacionado às alergias. Quando o bebê é formado no útero e durante seus primeiros meses após nascer, ele constrói essa imunidade a partir da microbiota intestinal. Essa camada é que determina o que deve passar pelo organismo sem restrições ou o que deve ser atacado. Quando a microbiota da criança não está povoada por uma grande diversidade de micro-organismos, as chances de desenvolver alergia são potencializadas. A microbiota intestinal é resultado de diversos, fatores, desde a alimentação da mãe durante a gestação, o tipo de parto (normal ou cesárea) até a amamentação. Há algumas gerações atrás, muitas crianças poderiam ter a tendência a manifestar alergia alimentar. No entanto, como o organismo não foi exposto a tantos disruptores endócrinos hoje presentes em nossa alimentação, nos produtos de higiene, nos brinquedos, entre outros, não era obrigado a se defender tão fortemente. Assim, os casos de alergia, infelizmente, aumentaram não apenas pelos diagnósticos, mas também pela manifestação. Portanto, não é um único fator que determina o aparecimento da alergia alimentar. A nutrição como chave para evitar a alergia Existem muitos casos de crianças que desenvolvem alergia mesmo amamentadas exclusivamente no seio e após nascerem de parto normal. No entanto, esses são fatores que diminuem o risco de alergia por diversificar a flora intestinal da criança. Tudo que os pais fazem do ponto de vista nutricional antes de gerar uma nova vida, e também durante a gestação, pode influenciar no desenvolvimento de alergia. Está comprovado por estudos que a suplementação de ômega 3 na gestação e durante o aleitamento diminui os riscos do bebê desenvolver alergias. Esse cuidado deve ser tomado principalmente se os pais já são alérgicos. A alimentação dessa gestante também deve ser diversificada. Quando os alimentos se repetem e não há diversidade, a sua flora intestinal também vai ser mais restrita e, por consequência, do bebê também. É por isso que o acompanhamento com o nutricionista materno-infantil é tão importante antes, durante e após a gestação. Além de prevenir e tratar alergias, é possível garantir a melhor saúde ao bebê desde antes do nascimento. Espero com este artigo ter esclarecido a relação entre alergia alimentar e nutrição materno-infantil. Para saber mais, assista ao vídeo abaixo que gravei com a especialista em alergia, Ariana Yang, e aproveite para se inscrever em meu canal do YouTube.

Qual é a importância de criar memórias afetivas com a comida saudável?

Se comer é um aprendizado de toda uma vida, podemos ajudar as crianças a iniciarem uma relação muito mais saudável com a comida. Muitos de nós, que fomos crianças nas décadas de 1980 a 1990, associamos a cozinha afetiva com bolos, tortas e massas compostos basicamente por açúcar e farinha. Itens sempre presentes em nossas mesas, preparados com muito amor pelas nossas mães e avós. Tempos em que os processados começavam a ganhar as prateleiras dos supermercados e, por isso, não existiam estudos, muito menos repercussão científica sobre os perigos desses alimentos. Fomos ensinados a aceitar a salada no almoço e na janta pensando em ganhar um doce quando a refeição acabasse. E assim, o açúcar ganhou protagonismo em nossas memórias, ao contrário da comida de verdade, que muitas vezes era recebida como uma obrigação. Mas, será que precisa mesmo ser assim? Será que não podemos ensinar a criar memórias afetivas com a comida saudável? Como criar momentos especiais com a comida saudável À medida que crescemos e amadurecemos, enquanto seres humanos, o nosso paladar muda e também a nossa consciência relacionada à nossa saúde. É provável que as gerações que estão tendo filhos agora, aos 20 ou 30 anos, fechavam a expressão facial para o brócolis no prato. E, também, que descobriram a quantidade de pratos incríveis e deliciosos que podem ser feitos com esse vegetal. Então, por que não criar uma memória a partir de um bolinho de brócolis? Assim como outros vegetais, pode aparecer refogado, na sopa, em diversos preparos em que o sabor e a textura são valorizados sem perder as propriedades nutricionais. Já falei aqui neste artigo sobre os benefícios de cozinhar com as crianças. Sei que, para a maioria das famílias, não faz parte do dia a dia. Mas, para os pequenos, deve parecer como uma brincadeira quando, também ali, estão colocando um tijolinho na construção das memórias afetivas. Isso também ajuda a aliviar o estresse diante da mesa! Atendo praticamente todas as semanas famílias com queixas sobre crianças seletivas.  Como criar um momento especial em volta da mesa se tudo o que é saudável acaba rejeitado? Em primeiro lugar, precisamos respeitar as preferências naturais dos nossos filhos. Eu recomendo que os vegetais sejam oferecidos em seu formato e textura reais para que a criança conheça os alimentos como são, in natura. Mas, conforme cresce, a criança desenvolve as próprias preferências. É muito importante adequar os alimentos mais nutritivos aos formatos que a criança mais aceita. Se ela prefere algo mais pastoso, por exemplo, não significa que vá comer somente purê de batatas, massas e leite. Pode acrescentar caldos e purês, também, de vegetais e carnes. Também não significa que deva comer todos os alimentos saudáveis, todas as verduras e frutas que existem. Assim como nós, adultos, não gostamos de todos os alimentos que existem, a criança também não é obrigada a gostar. É importante incluir os grupos de alimentos, mas não todos os alimentos do grupo! O respeito às preferências pode ser fundamental. Também é importante não forçar as quantidades. A criança pode comer o quanto satisfazer seu apetite. Não há necessidade de complementar com uma mamadeira, ou biscoitos e farináceos, na maioria dos casos. Isso, sim, pode contribuir para uma relação difícil com a comida e a perda de interesse pelos alimentos saudáveis. Comer é aprendizado e ele aprende com você Já se perguntou por que a criança assiste várias vezes o mesmo episódio de desenho animado? É porque, principalmente abaixo dos 6 anos, está em uma fase de assimilação. A criança é como uma esponja que absorve todas as novidades ao seu redor. Para ela, nada passa despercebido. Portanto, a atitude dos pais faz toda a diferença nesse momento. Ensinar pelo exemplo é o melhor caminho. Além da família toda precisar se alimentar saudável, é importante que também não existam as chantagens relacionadas à comida. No estilo “só pode brincar se comer tudo” ou “se comer a salada ganha o doce”. Nessas situações estão enraizados os principais transtornos alimentares e compulsivos desenvolvidos ao longo da vida. O ser humano grava no subconsciente esse sistema de recompensa onde após uma situação desagradável pode descontar as frustrações na comida. Ao ensinar que comer saudável pode ser gostoso, a família evita que a criança desenvolva esse problema futuro. Se a comida que faz bem ao corpo também é deliciosa, o argumento de que um docinho é algo para quem merece porque se comporta perde todo o sentido. Assim que criamos memórias afetivas com a comida saudável.